Nos últimos meses temos ouvido falar muito que a situação na Argentina tem se mostrado delicada e sua economia está passando por duras movimentações.
Mas o que de fato está ocorrendo? Qual o cenário?
O cenário é que a inflação na Argentina tem aumentado chegando em torno de 70%, a maior dos últimos 30 anos no país. Isso fez com que o governo tivesse que aumentar a taxa básica de juros, elevando para 69,5%. Imaginem que a do Brasil no momento está entre 13 e 14%. Na prática isso faz com que seja necessário muito mais volume de notas para comprar coisas que antes custavam menos.
"O mesmo corte de carne pode custar duas vezes mais hoje do que custava ontem – e três vezes mais amanhã. Um voo doméstico de duas horas agora custa o mesmo que um mês de mensalidade da faculdade. Um par de tênis custa o mesmo que o pagamento mínimo mensal do seguro social, enquanto um novo iPhone pode custar meio ano de aluguel. Há quatro anos, bonequinhos de futebol de jogadores como Lionel Messi (meu favorito) custavam 15 pesos argentinos (R$ 0,50). Hoje, custam 150 pesos (R$5,43) – um aumento de 900%."
2022, Gazeta do Povo.
Esse é um caminho muito semelhante ao da vizinha Venezuela, algo que preocupa bastante.
O que levou para este caminho?
Primeiro, o hábito do governo de imprimir dinheiro. Isso coloca mais moeda em circulação. reduzindo o valor da nota, precisando automaticamente mais notas (mais valor) para comprar os mesmos itens. Normalmente é uma solução simplista e inconsequente que o governo toma para honrar seus compromissos, mas acaba por abalar a economia do país.
Outro ponto que afeta é a intervenção do estado no setor privado. Basicamente é o estado que dita o que pode ou não ser feito de maneira direta ou indireta.
Por consequência, afeta o empreendedorismo, inovação e criação de empregos.
Dos 45 milhões de argentinos, apenas 6% são funcionários do setor privado, frente aos 55% empregados pelo setor público.
Outros pontos relevantes para esse cenário são: - Custos altíssimos do governo - São altos, mas tem crescido sistematicamente, um pouco por falta de gestão dos recursos governamentais, e também pela desvalorização da moeda
- Dívida Pública gigante - Algo em torno de 40 bilhões de dólares ao FMI, e pegou um novo empréstimo recentemente, gerando grandes possibilidades de calote
- Histórico de irresponsabilidade fiscal - Não está no histórico grandes cuidados com a questão fiscal, o que acaba afastando investidores e consequentemente recursos externos.
Mas Giordano, ouvi dizer que brasileiros estão com "vida de rico" na Argentina. Ta certo?
Então, tem algumas variáveis aí.
Primeira delas é o câmbio. O oficial é praticamente metade do paralelo. Ou seja. se você trocar reais por pesos argentinos no Brasil, pagará mais caro, se usar o cartão, pagará mais caro, se trocar em postos de pedágio, pagará mais caro. O que os brasileiros tem feito é trocar seus reais ou dólares em casas de câmbio, a maioria delas na Calle Florida. Porém, isso traz o risco inerente de notas falsas, então cuidado.
Outro ponto que afeta a viagem é o "preço para turista" Ou seja, vêem que você é de fora e cobram mais. Se puder se virar no espanhol. melhor, mas sempre de uma conferida na média que ta sendo praticada com outros clientes quando não houver o preço explicito.
Fora isso, sempre cabe as mesmas dicas de cuidado em viagens. Não comer em locais turísticos, não ir apenas em centro de compras famosos, buscar lugares onde os nativos consumam e assim por diante.
Agora, sobre a "vida de rico" claro que da uma sensação estranha trocar cem reais por cinco mil pesos. O impacto da quantidade de moedas é chamativo a primeira vista, mas você precisa considerar o efeito inflação. Quanto custará aquilo que você precisará utilizar? Se você for comprar um tênis no Brasil que custa 200 reais e aqui ele sair por 10 mil pesos, se você trocou pela câmbio oficial pagou 2 vezes o valor do tênis. Se trocou no paralelo, saiu o mesmo valor. Então tenha sempre o valor do seu câmbio e uma referência nacional.
Eu estou escrevendo pra vocês aqui do centro de Buenos Aires do Airbnb que pegamos. Notamos que o valor do Airbnb estava muito melhor que o do Hotel. Efeito das alternativas que as pessoas estão buscando para obter renda.
Nosso café da manhã ta saindo mais barato que no brasil. Mas tem muitos produtos que não são tão vantajosos não. Mas isso é porque utilizamos no Brasil opções que nos dão retornos depois das compras que aqui na Argentina acabamos não usufruindo. Mas é um cenário para cada um, conforme o seu tipo de viagem.
Eai, tem algum comentário sobre esse texto?
Vou ficar feliz em ler! Grande abraço
Giordano da Luz
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